Guarda afirma para polícia que faca foi “plantada” por agentes no caso do adolescente de 17 anos morto em Curitiba
Um dos três guardas municipais suspeitos de envolvimento na morte do adolescente Caio José Ferreira de Souza Lemes, 17 anos, afirmou em depoimento no 11º Distrito Policial, no bairro Portão, em Curitiba, na manhã desta segunda (3) que a faca encontrada com o jovem no dia crime foi colocada na cena do crime pelos outros dois agentes. A defesa dos guardas alegava que o adolescente tinha envolvimento com o tráfico de drogas e que teria os ameaçado com uma faca de 20 centímetros retirada do boné. A defesa dos agentes alegava que Caio tinha envolvimento com crimes e que ele estaria armado no momento da abordagem no dia 25 de março, quando foi morto com um tiro na cabeça.
Os outros dois guardas suspeitos do crime foram à delegacia durante a tarde e permaneceram em silêncio e, segundo a defesa, foram orientados a dizer que não receberam treinamento para operar a câmera acoplada, que estava ligada, porém em modo de espera
durante a ocorrência que acabou na morte de Caio.
A Guarda Municipal de Curitiba suspendeu os três agentes envolvidos na morte do adolescente na sexta (31) passada. Caio foi morto com tiro na cabeça durante abordagem na Rua Herondina de Freitas Ribeiro, no bairro Cidade Industrial de Curitiba (CIC) na tarde do último sábado. Os guardas também tiveram o porte de arma suspenso por determinação do prefeito Rafael Greca. A Corregedoria da Guarda Municipal de Curitiba também apura o homicídio e as investigações estão sendo acompanhadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná (MPPR),
Segundo o comandante da Guarda Municipal, Carlos Celso, em entrevista na última sexta, os agentes estavam com a câmera acopladas ligadas em modo de espera durante abordagem, mas não foram acionadas pelos guardas durante a abordagem do adolescente. Todos os agentes receberam treinamento para uso das câmeras. O decreto que regulamenta o uso das câmeras por guardas municipais de Curitiba determina que a gravação deve ocorrer de forma ininterrupta, no mínimo, por 12 horas, com captação de áudio e vídeo. O texto estipula também que o material deve ser armazenado por um ano. “Quem não cumpre as determinações, como ligar a câmera, também sofrerá sanções, desde advertência até uma suspensão. Tudo será apurado pela sindicância interna”, afirmou Celso.
De acordo com informações dos guardas no Boletim de Ocorrência, três agentes apuravam denúncia de tráfico de drogas quando abordaram um grupo e Caio teria resistido, corrido e depois de cercado teria ameaçado os guardas com uma faca de 20 centímetros que tirou do boné. Ainda segundo o boletim, o guarda Edson Pereira então atirou contra o adolescente. As testemunhas, no entanto, contam outra versão bem diferente. Elas dizem que Caio tinha se rendido, colocado as mãos na cabeça e mesmo assim o guarda atirou. As testemunhas também já levantavam dúvidas sobre a existência da faca. Em entrevista recente, o delegado Eric Guedes, disse que Edson Pereira deve ser indiciado por homicídio culposo e fraude processual e o outro guarda deverá responder por fraude processual.
Familiares e amigos também negam a versão dos guardas e fizeram um protesto na semana passada no local onde o rapaz foi baleado pedindo justiça. Segundo eles, Caio foi dormir na casa de amigo e teria saído para ir ao mercado, quando foi abordado e morto. Ele era aluno do Colégio Estadual Júlia Wanderley e trabalhava como jovem aprendiz em uma empresa de telemarketing. Sua morte causou grande comoção no colégio, no trabalho e na comunidade.
Fonte Bem Paraná