Polícia Militar do Paraná afirma que não tinha conhecimento da medida protetiva contra soldado que matou ex-mulher em Curitiba
A Policia Militar do Paraná (PMPR) atribuiu à falta de tempo hábil para agir preventivamente à morte de Franciele Cordeiro e Silva, com tiro do ex-marido, o policial Dyegho Henrique Almeida da Silva, que se suicidou, na noite desta terça-feira, 13 de setembro, em Curitiba. Isso porque, a denúncia da existência de uma medida protetiva contra o policial teria chegado à Corregedoria-Geral no mesmo momento em que o policial, então o agressor, estaria na sede do Quartel da PM retomando o direito de uso de sua arma funcional, após um período de afastamento das atividades. “Isso aconteceu simultaneamente, praticamente no mesmo horário, mas em locais diferentes”, declarou a capitã Carolina Pauleto Zancan, responsável pela Câmara técnica Maria da Penha da PMPR.
“Eu estou abalada com essa situação”, disse a Capitã. Ela relatou que a vítima tinha uma ordem protetiva de urgência, expedida no último domingo, 11 de setembro, mas ela ainda não estaria vigente e, tampouco, a corporação tinha ciência da mesma.
“Quando uma medida protetiva é expedida, ela passa a ter vigência a partir da notificação do agressor e o policial ainda não tinha sido notificado”, disse a Capitã durante a entrevista convocada pelo comando da PMPR para falar sobre o crime ocorrido nesta terça-feira, 13 de setembro, no bairro Rebouças.
Almeida, conforme relato da Capitã, tinha pedido o afastamento das funções, mas por outros motivos não relacionados ao fim do relacionamento, quando entregou a arma à corporação. Após ficar três meses afastado, ele tinha retornado às atividades apenas administrativas, em abril e passado pelo período de avaliação. “O protocolo prevê que o policial passe por um período trabalhando sem arma de fogo. E ele cumpriu esse período por alguns meses”, afirmou com base nos relatórios da corporação. Segundo ela, o procedimento é justificado para que seja verificado se a pessoa tem condições de voltar para o serviço operacional e manusear armas.
Histórico
De acordo com a Capitã Carolina Pauleto Zancan, pela câmara técnica, foi verificado que havia vários boletins de ocorrência a respeito de denúncias de violência doméstica de ambos. “Eu não quero, em hipotese alguma, dizer que as culpa é de um ou de outro, apenas colocar a complexidade de eu tratar esse tipo e ocorrência”, ressaltou.
Com relação a cronologia dos fatos, Zancan ressalta que, no domingo, 11 de setembro, Franciele fez um boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher e solicitou uma medida de proteção de urgência. O prazo de análise do pedido é de 48 horas, mas no caso, a medida foi concedida antes, às 23 horas do domingo. “A PM não foi informada da medida protetiva de urgência contra esse cidadão”, afirmou e pontou ainda que, no documento, não havia restrição a arma de fogo, apenas em relação a aproximação da vítima.
Procedimento padrão
Questionado sobre a forma em que Franciele teria morrido, se imediatamente ao tiro, ou pela demora em ser socorrida, o Alberto Rocha declarou que o fato será esclarecido pelo resultado do laudo da polícia científica.
A Polícia Militar (PM) informou ainda que se solidariza com os familiares das vítimas e lamentou o ocorrido. A corporação disse também que as motivações serão devidamente apuradas posteriormente.
Conforme a polícia, haverá uma investigação militar e um procedimento foi encaminhado à Delegacia da Mulher para apuração do caso, para onde foi encaminhada a arma usada pelo policial no crime.
Fonte Bem Paraná