Polícia Civil conclui que assassinato de petista em Foz não teve motivação política

A Polícia Civil do Paraná indiciou hoje o policial penal Jorge Guaranho por homicídio qualificado e motivo torpe pelo assassinato do guarda municipal e tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu (região Oeste), Marcelo Arruda, no último final de semana. O inquérito também concluiu que ele cometeu o crime de causar perigo comum, porque outras pessoas que estavam na festa poderiam ter sido atingidas pelos disparos.
A polícia não considerou, porém, que Guaranho tenha cometido crime de ódio por motivação política. Guaranho matou Arruda no último sábado, durante a festa de aniversário do petista, que tinha como temática o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele invadiu a festa gritando palavras de ordem em defesa do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo a chefe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa do Paraná, delegada Camilla Cecconello, não há como comprovar que ao voltar ao local da festa e atirar em Arruda, Guaranho tenha feito isso por motivação política. “Para você enquadrar como crime político, você tem alguns requisitos. Como por exemplo impedir alguém de exercer seus direitos políticos. A gente analisa que quando ele chegou no local ele não tinha intenção de efetuar os disparos, ele tinha a intenção de provocar. Parece mais uma coisa que virou pessoal entre duas pessoas que discutiram, claro, por motivação política”, alegou.
"Não há provas de que ele voltou para cometer crime político. É difícil falar que ele matou pelo fato de a vítima ser petista. Ele voltou porque se mostrou ofendido pelo acirramento da discussão", disse.
Segundo as investigações, Guaranho teria ficado sabendo da festa por imagens do circuito de câmeras de segurança da Associação Esportiva Segurança Física Itaipú (Aresf), quando participada de um churrasco próximo ao local. Após o churrasco, o policial penal teria ido até a associação onde ocorria a festa “com o intuito de provocar a vítima”.
“Ele se dirigiu à associação onde estava ocorrendo a festa ouvindo uma música referente à campanha do Bolsonaro. A vítima saiu para ver quem estava ali e se inicia uma discussão. As duas partes iniciam uma discussão sobre suas ideologias e pensamentos políticos”, afirmou.
“Fica muito claro que houve uma provocação e discussão por razões políticas”, apontou a delegada.
Após a discussão, o policial foi até em casa, deixar a mulher e retornou ao local da festa. De acordo com Cecconello, a esposa de Guaranho alegou que ele disse que iria voltar porque tinha se sentido humilhado por terem jogado pedras contra a mulher e o filho dele.
“Segundo as investigações, o agente penal falou: isso não vai ficar assim, nós fomos humilhados vou retornar. Ela pediu para ele não ir mas ele voltou”, disse a delegada.
Ainda de acordo com as investigações, as pessoas na festa ficaram assustadas e pediram para o porteiro fechar o portão. Guaranho voltou e ele mesmo abriu o portão. Quando foi interpelado pelo porteiro ele falou: “Sai da frente, o problema não é com você. Eu vou entrar”.
Segundo a delegada, Guaranho disparou quatro tiros em Arruda e acertou dois. O petista deu pelo menos dez disparos e dois atingiram o policial penal.
“Chegamos a conclusão que o agente penitenciário indiciar por homicídio qualificado e motivo torpe e causar perigo comum, porque outras pessoas que estavam na festa poderiam ter sido atingidas pelos disparos”, explicou.
Segundo Cecconello, o celular do policial penal só foi apreendido ontem porque a esposa de Guaranho só entregou o aparelho após uma ordem judicial. Além disso, o aparelho está bloqueado por senha e terá que ir para uma perícia que deve levar pelo menos 20 dias.
Fonte Bem Paraná