O que se sabe sobre esquema de tráfico internacional de drogas investigado no porto de Paranaguá

Uma operação conjunta da Polícia e da Receita federal deflagrada nesta quinta-feira (24) teve como alvo grupos criminosos especializados em enviar cocaína da América do Sul para a Europa, por meio do Porto de Paranaguá, no litoral do Paraná.

 

Os policiais cumpriram mandados de prisão e de busca e apreensão no Paraná, Santa Catarina e São Paulo.

 

A seguir, o g1 detalha o que já se sabe sobre o esquema investigado.

 

Na mira da polícia desde 2019

 

As investigações sobre o esquema começaram em 2019. Desde então, a polícia conseguiu realizar 80 apreensões, no Brasil e no exterior, de cargas atribuídas aos grupos criminosos. Em pouco mais de dois anos, mais de 21 toneladas de cocaína foram apreendidas.

 

Segundo a Receita Federal, só no Porto de Paranaguá, mais de 90 quilos de cocaína já foram apreendidos este ano. No ano passado, as apreensões da droga no porto somaram 4,3 toneladas; em 2020, 6,8 toneladas; em 2019, mais de 15 toneladas; e em 2018 quase cinco toneladas.

 

Vários métodos de envio

De acordo com a PF, os criminosos utilizam vários métodos para mandar as cargas para o exterior entre eles: inserção da droga por mergulhadores em compartimento submerso do navio, ocultação em contêineres sem conhecimento do exportador, ocultação no maquinário refrigerador dos contêineres, acondicionamento da droga no interior de cargas lícitas.

 

A cocaína era incluída principalmente no meio de cargas de madeira e suco de laranja. Imagens de câmeras de segurança do porto registraram o momento em que o motorista de um caminhão, que estaria carregado de cocaína, percebe que foi visto pelos vigias e sai em disparada quebrando a cancela de acesso. Veja o flagrante no vídeo acima.

 

Vínculo com mafiosos

A PF afirma que os investigados têm vínculo com um grupo da máfia italiana constituído na região da Calábria. Os mafiosos, segundo a investigação, contratam a logística executada pelos investigados em Paranaguá para enviar os carregamentos de cocaína até os portos da Europa, em especial o porto situado na região italiana.

 

Ajudantes no porto

 

As investigações mostraram que trabalhadores do Porto de Paranaguá eram aliciados e indicavam quais contêineres tinham como destino o porto desejado pelo grupo na Europa. A operação, segundo a PF, contava com a ajuda de caminhoneiros e de pessoas que tinham acesso a áreas restritas do porto.

 

A empresa que administra o Terminal de Contêineres de Paranaguá, TCP, afirmou que colabora com os órgãos competentes no fornecimento de informações para as investigações. A companhia reforçou, em nota, que tem "um amplo sistema de segurança e escaneamento de cargas".

 

Também por nota, o Porto de Paranaguá disse que as ações foram realizadas em terminal privado no porto paranaense. Sobre o envolvimento de funcionários do porto, afirmou que "não há qualquer acusação contra colaborador do quadro da empresa pública ou de contratadas por esta, sendo, portanto, equivocada a informação".

 

Disse também que colabora com as autoridades e combate qualquer atividade ilegal.

 

Destino da droga

As investigações mostram que, do Brasil, a droga era transportada para terminais portuários da Itália, da Alemanha, da França e da Holanda.

 

Violência

A polícia informou que as organizações investigadas empregam "extrema violência", com integrantes tendo envolvimento inclusive em homicídios. A suspeita é de que o tráfico internacional de drogas tenha motivado a execução, em 2020, de um guarda municipal de Paranaguá suspeito de liderar uma das quadrilhas. Ele foi morto a luz do dia, por dois homens, com vários tiros.

 

Fonte G1

 

 

 

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