Entenda como a guerra na Ucrânia pode impactar a produção no campo paranaense

De acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Brasil é o quarto país que mais depende de fertilizantes importados. Cerca de 85% dos adubos utilizados na agricultura brasileira vêm de outros países.

 

Na última safra, esse número representou 41,5 milhões de toneladas. Dessas importações, mais de 40% vieram da Rússia ou de Belarus.

 

Para o Presidente da Ocepar, José Roberto Ricken, existe um histórico que explica como o Brasil chegou a essa dependência de fertilizantes importados.

 

"O abastecimento no mundo era regular. Hoje se produz uma oferta de 260 milhões de toneladas para um consumo de 200 milhões de toneladas. Então era muito favorável você importar fertilizantes inclusive por conta dos preços", afirma Ricken.

Segundo ele, neste momento é importante racionalizar o uso dos fertilizantes de forma geral, mas frisa a importância dos produtos na agricultura brasileira.

 

"Nós temos que entender que os solos brasileiros são deficientes de adubos de uma forma geral. Então, principalmente no Cerrado, nós precisamos de fertilizantes para ter a produção que nós temos.

 

Se compararmos os nossos ao solo da Argentina ou mesmo da Rússia, são solos bem mais férteis. E esse foi o grande mérito nosso, desenvolver uma tecnologia para produzir em solos inicialmente com a fertilidade muito baixa e bastante ácido", explica Ricken.

 

Com o início do conflito na Europa, a primeira opção do Governo Federal para tentar contornar a situação foi a procura por outros parceiros comerciais.

 

“Essa alternativa poderia ser o Canadá, que é o maior produtor mundial, representa uns 30%, 1/3 do que se produz no mundo é do Canadá. Porque nós, internamente, produzimos o equivalente a 6% do nosso consumo. Então, é quase nada”, explica Ricken.

 

Cenário paranaense

No cenário nacional, o Paraná, que é o segundo maior produtor do agronegócio brasileiro, é também o segundo maior consumidor de adubos e fertilizantes.

 

De acordo com as Estatísticas do Comércio Exterior Brasileiro (Comex Stat), em 2021, a China, Rússia, Marrocos, Estados Unidos e Arábia Saudita foram os países que mais forneceram esses produtos para o estado.

 

Fornecimento de adubos e fertilizantes para o Paraná

País

%

China

28,3%

Rússia

19,7%

Marrocos

18,6%

Estados Unidos

13,4%

Arábia Saudita

11,2%

 

Fonte: Departamento de Economia Rural

 

Impacto na agricultura paranaense

Para o Departamento de Economia Rural do estado, o maior problema não é a possível escassez dos fertilizantes, mas o aumento nos custos que já estavam altos.

“Podemos dizer que nesse momento não há falta nenhuma de fertilizantes. A preocupação pode se dar no início da segunda safra que começa em meados do segundo semestre. Nesse sentido, também existe uma preocupação do preço que os produtores vão pagar uma vez que vai ter que ter uma outra alternativa para vir esses fertilizantes para o nosso estado”, analisa o Chefe do DERAL/SEAB-PR, Salatiel Turra.

 

Fonte G1

 

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