Donos de restaurantes, em Curitiba, se preparam para aumentar preço das refeições frente à alta do gás: ‘Estamos sempre defasados’

Com o aumento no preço do gás de cozinha pela Petrobras, que começou a valer
nesta sexta-feira (11) junto aos
novos preços dos combustíveis, proprietários de restaurantes de Curitiba
preveem aumento de refeições a partir da semana que vem.
Donos de outros segmentos alimentícios, como
padarias, também se preparam para reajustar os preços.
Brunno de Camargo é proprietário de um restaurante
há um ano e dois meses. Ele disse que não apenas o aumento do gás de cozinha
refletirá em novos valores praticados no estabelecimento.
“Vamos ter que repassar esta diferença na
estimativa do custo que, com certeza, vai ter um aumento. Não é só do gás, mas
de todo o conjunto que estamos tendo. Nas próximas semanas vamos ter que fazer
um reajuste de todos os itens”.
Em uma revendedora de Curitiba, o preço do gás de cozinha de 45 quilos, geralmente
usado em restaurantes, saltou de R$ 395 para R$ 425. Nos botijões de 13 quilos, o aumento na mesma
revendedora foi de R$ 103 para R$ 112.
Luciano
Teixeira também é proprietário de restaurante, em Curitiba. Ele disse que
recebeu a notícia dos aumentos com tristeza, ressaltando que o impacto que a
medida traz aos pequenos empresários.
“Estou trabalhando e estudando pra minimizar o
impacto pro cliente, mas alguma coisa a gente vai ter que repassar. A gente
ainda tá trabalhando com uma margem muito menor que era há 2 anos
[...]Usamos uma média de seis [botijões] por mês. É
bastante coisa, mas são seis industriais, são mais caros e uma quantidade
maior. O impacto é maior”.
Em todos os segmentos alimentícios
O impacto do aumento do gás também preocupou
Marilda Fumie Oda, que trabalha em lanchonete vendendo pastéis, lanches e
outros produtos alimentícios, no bairro Mercês.
“A gente não consegue acompanhar o custo. A gente
sempre está defasado porque não tem como acompanhar [os aumentos] para passar
ao consumidor porque ele também não tem como comprar. A gente vai sempre
diminuindo o lucro e só consegue pagar despesa mesmo”.
A empreendedora destacou que, no negócio que toca
com a filha, elas vão tentar segurar os preços até o aumento do salário mínimo,
mesmo que isso gere prejuízo ao negócio.
“Se você desliga a chapa, até a retomada é um tanto
[de gás] que vai, então sai mais barato você manter ela aquecida, então com
movimento ou sem movimento, o consumo é igual. Tem que manter ligado. Se a
pessoa chega e a chapa tá fria ela vai demorar pra aquecer”.
O aumento
A Petrobras anunciou o aumento do gás, de cozinha e
dos combustíveis, na quinta (10), em meio à disparada dos preços do petróleo. A
estatal ficou 57 dias sem anunciar reajustes.
"Após serem observados preços em patamares
consistentemente elevados, tornou-se necessário que a Petrobras promova ajustes
nos seus preços de venda às distribuidoras para que o mercado brasileiro
continue sendo suprido, sem riscos de desabastecimento, pelos diferentes atores
responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras", justificou
a Petrobras.
Em Curitiba, tão logo o aumento foi
anunciado, pessoas lotaram postos e, também, revendedoras
de gás para aproveitar os preços antigos.
O empresário Michel Amadeu lamentou a alta no valor
do gás e disse que reformulará o cardápio do restaurante que é dono,
priorizando pratos que não demorem muito tempo no fogo.
“Pra
mim foi uma surpresa ingrata, porque a gente já vem enfrentando muita
dificuldade nesses dois, três anos de pandemia. [Teve] muito corte de custo,
fazendo muito esforço pra manter o preço, mas com essa surpresa é difícil
conseguir manter. A gente acaba tento que repassar um pouco pros clientes e
acaba assumindo uma despesa a mais [...] Fica um pouco mais difícil de se
manter no mercado”.
Fonte
G1