Coreia do Norte dispara 'projétil não identificado', diz Seul

A Coreia do Norte disparou um "projétil
não identificado" - informaram as Forças Armadas sul-coreanas neste
domingo (27), após um mês sem lançamentos por parte do regime comunista,
durante os Jogos Olímpicos de Pequim.
Trata-se do oitavo lançamento do ano, por
parte da Coreia do Norte. Segundo analistas, os testes foram interrompidos
neste período, possivelmente, em deferência à sua única aliada, a China.
De acordo com as Forças Armadas sul-coreanas,
um míssil balístico foi disparado, às 7h52 locais (19h52 de sábado em Brasília),
de Pyongyang para o mar do Japão.
"A Coreia do Norte disparou um projétil
não identificado para o leste", anunciou o Estado-Maior Conjunto da Coreia
do Sul.
"O último míssil balístico teve um
alcance de cerca de 300 quilômetros e uma altitude em torno de 620 quilômetros.
Os detalhes estão sob análise das Inteligências sul-coreana e americana",
completou o comunicado militar.
A casa presidencial sul-coreana manifestou
"profunda preocupação e grave pesar" e criticou o momento do teste,
"quando o mundo faz esforços para resolver a guerra na Ucrânia".
O Japão também confirmou o lançamento deste
domingo. Em entrevista à AFP, um porta-voz do Ministério da Defesa se referiu a
um disparo "potencial de míssil balístico", procedente da Coreia do
Norte, sem especificar quantos.
A Guarda Costeira japonesa emitiu um aviso
aos navegantes sobre "um potencial míssil balístico possivelmente lançado
da Coreia do Norte".
Mundo se volta para Ucrânia
Com a comunidade internacional concentrada na
invasão da Rússia à Ucrânia, os analistas já esperavam que Pyongyang
aproveitasse esta oportunidade para retomar seus testes.
"Com o interesse americano voltado para
a crise na Ucrânia, e o Conselho de Segurança da ONU incapaz de funcionar,
Pyongyang aproveita a oportunidade", disse à AFP Shin Beom-chul,
pesquisador do Korea Research Institute for National Strategy.
O
ministro japonês das Relações Exteriores, Masayoshi Hayashi, falando sobre a
Ucrânia, ao vivo, em um canal de televisão, quando surgiu a notícia da Coreia.
"Esta situação na Ucrânia não é algo que
fique apenas na Ucrânia, ou na Europa. Pode afetar, potencialmente, o mundo
todo, na região do Indo-Pacífico, ou na Ásia Oriental, do nosso ponto de
vista", disse Hayashi.
O Japão se juntou à bateria de sanções
impostas à Rússia por Estados Unidos, União Europeia e outros países
ocidentais. A Coreia do Sul também manifestou sua intenção de fazer o mesmo e
acompanha de perto a situação.
Os novos lançamentos norte-coreanos acontecem
em um momento complexo para a península, já que a Coreia do Sul se prepara para
sua eleição presidencial em 9 de março.
O presidente em final de mandato, Moon
Jae-in, que buscou, repetidas vezes, negociações de paz com Kim durante seu
mandato de cinco anos, alertou que a península pode facilmente entrar em uma
nova crise.
"Se os lançamentos de mísseis da Coreia
do Norte chegarem a romper a moratória sobre os mísseis de longo alcance, a
península coreana cairá, instantaneamente, no estado de crise que enfrentamos
há cinco anos", disse ele, em entrevista este mês aos correspondentes de
veículos estrangeiros, entre eles a AFP.
Especialistas afirmam que Pyongyang poderia
usar sua próxima data-chave, o 110º aniversário do nascimento do falecido líder
Kim Il-sung, em 15 de abril, para fazer um importante teste de armas.
Em janeiro, Pyongyang fez um número recorde
de sete testes de armas, que incluíram o disparo de seu míssil mais potente
desde 2017, quando Kim Jong-un tentou provocar o então presidente americano,
Donald Trump, antes de iniciar uma negociação que fracassou dois anos depois e
segue paralisada.
Nos últimos meses, o isolado regime comunista
intensificou seus testes militares e, em janeiro, ameaçou abandonar a moratória
autoimposta sobre os testes de mísseis nucleares e intercontinentais, suspensos
em 2017.
Fonte Correio Braziliense