Médico investigado por praticar violência obstétrica contra dezenas de mulheres é afastado das funções, diz MP-PR

Um médico foi afastado das funções após uma
investigação indicar que ele cometeu, ao longo de vários anos, casos de
violência obstétrica contra dezenas de vítimas, em Santo Antônio da Platina, no norte pioneiro do Paraná, segundo
o Ministério Público do Paraná (MP-PR).
A informação foi divulgada nesta sexta-feira
(25), e o caso segue sob segredo de Justiça para proteção das vítimas. O
afastamento ocorreu por meio de decisão judicial liminar.
Segundo
a promotora de Justiça Kele Cristiani Diogo Bahena, a ação trata de fatos muito
sensíveis, em que o médico de um hospital da região, de referência em partos,
submetia as gestantes a tratamento degradante.
"Impondo agressões verbais, exposição de sua
intimidade, violência física, chegando ao ponto de amarrar as pernas das
parturientes no momento do parto e proceder as suturas sem anestesia ou sem
aguardar o efeito dela", disse.
Durante o procedimento investigatório criminal, 24
vítimas e testemunhas foram ouvidas. Conforme a ação civil pública, os relatos
indicam um “verdadeiro filme de terror”.
"O que chamou atenção do Ministério Público
foi o elevado número de vítimas que foram até as redes sociais relatar fatos a
esse respeito", contou a promotora.
Como consequência, segundo a ação, as práticas do
médico causaram abalo psicológico nas mulheres que estavam em trabalho de parto
ou que acabaram de dar à luz.
Segundo a investigação, os casos de violência
ocorreram enquanto o médico atendia no Hospital Regional do Norte Pioneiro.
O g1 aguarda retorno da Secretaria de Estado da Saúde
(Sesa) sobre os casos ocorridos na unidade pública.
Investigação
De acordo com o Ministério Público, a investigação
começou após uma reportagem ser publicada mencionando o médico, em 2021.
Na ocasião, o Grupo Especializado na Proteção ao
Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa (Gepatria) havia
expedido uma recomendação administrativa, para que o médico fosse dispensado
por causa de indícios de que ele teria sido contratado irregularmente.
Conforme a recomendação do grupo, ele não tinha a
especialização exigida para a função. A partir da divulgação da notícia em uma
rede social, várias mulheres se manifestaram dizendo que foram vítimas do
profissional.
O pedido de afastamento foi feito em ação civil
pública ajuizada pelo Gepatria.
Fonte G1