Paranaense que está na Ucrânia relata fuga de famílias para Ternópil: 'Não há o que fazer, apenas rezar'

O parananense Danilo
Pincheski, de Pitanga, na região central do estado, está visitando a Ucrânia e presencia desde as primeiras horas da manhã desta
quinta-feira (24) a fuga de famílias que buscam locais mais seguros no país
frente a invasão russa.
Segundo o paranaense, após os primeiros ataques,
muitas famílias deixaram regiões limítrofes com a Rússia, além de Kiev, capital do
país, e procuraram refúgio em cidades como Ternópil, que fica no oeste da Ucrânia.
“As famílias estão vindo para a região de Ternópil,
outras regiões também, e buscando um refúgio, um lugar para si [...] para elas,
é doloroso deixar suas casas, suas cidades, mas, diante dessa situação, não há
o que fazer, apenas rezar para que isso acabe de uma vez”
Ternópil é considerada
cidade-irmã de Prudentópolis, na região central do estado, município que detém
atualmente a maior comunidade ucraniana do Brasil, segundo dados da prefeitura.
A Prefeitura de
Prudentópolis emitiu uma nota oferecendo refúgio para moradores da Ucrânia.
Danilo, que tem ascendência ucraniana, está no país
alvo dos ataques russos desde 4 de fevereiro. A passagem de retorno dele ao
Brasil está marcada para abril.
“Eu não entrei em contato com consulado, com nada.
Vou ficar até o mês de abril e dar meu apoio, com minhas orações, por meio de
conversas também, para o meu povo aqui. Estou a favor da Ucrânia e peço para
que todos rezem, porque aqui, ninguém merece passar o que nós estamos passando.
É triste”.
Distância e preocupação
Outros moradores do Paraná com familiares na Ucrânia também
têm vivido momentos de tensão e preocupação sobre o que está por vir.
O zagueiro Vitão, natural de Jacarezinho, no norte
do estado, está na Ucrânia. Ele tem contrato com um time local e mora na
capital do país, com a esposa e o filho bebê.
O pai do jogador de futebol, Claudinei Matos, disse
estar preocupado com o filho, pois não sabe como serão os próximos dias. No
momento, Vitão e outros atletas estão em um hotel da cidade.
“É difícil para a gente, muito difícil. A gente
praticamente não consegue nem dormir, é complicado. Nunca passamos por uma
situação dessa e nunca esperávamos que ia acontecer uma situação dessa.”
A psicóloga e professora aposentada Ludmila
Klocazak também tem parentes que vivem na Ucrânia.
“As pessoas da comunidade, que têm parentes, estão
muito apreensivas. Estamos todos pedindo paz, que a racionalidade predomine. É
inconcebível o que estamos vivendo hoje, no século XXI, com toda defesa de
valores a respeito da paz. Assistir essa invasão é algo surreal.”
Refúgio no Paraná
A Prefeitura de Prudentópolis,
na região central do Paraná, encaminhou ofício para Ternópil nesta quinta-feira
(24), oferecendo refúgio para moradores do país.
"Prudentópolis segue
com as portas e com o coração aberto ao povo ucraniano como o fez há mais de
cem anos, quando recebeu os primeiros imigrantes que aqui construíram sua
história e influenciaram diretamente no modo de vida de nossa terra”, diz
trecho da nota, referenciando a data de chegada dos primeiros imigrantes
ucranianos à Prudentópolis,
em 1896.
Dados da prefeitura indicam que entre os
52.776 moradores de Prudentópolis, cerca
de 75% têm descendência ucraniana.
O documento, assinado
pelo prefeito de Prudentópolis Osnei
Stadler (DEM), foi endereçado ao prefeito Serhij Nadal.
O ofício, traduzido por membros da comunidade
ucraniana do município paranaense, diz que a cidade está pronta para
"prestar ajuda no que for preciso".
Fonte G1