Justiça concede habeas corpus a síndico investigado por matar palmeirense após final do Mundial

O Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) aceitou o pedido de habeas corpus feito
pela defesa do gerente administrativo Emerson Ricardo Fiamengui, preso por matar com um
soco no rosto o advogado Celso Wanzo, em São José do Rio Preto,
interior de São Paulo, na noite do último sábado (12).
O crime aconteceu
após a final do Mundial de
Clubes, na frente do prédio onde a vítima e o suspeito moravam, no
bairro Jardim Pinheiros. Celso era palmeirense e ex-conselheiro do condomínio,
e Emerson corintiano e síndico.
De acordo com a
Polícia Civil, o advogado, de 58 anos, foi agredido, ficou desacordado e foi
socorrido para o Hospital de Base, mas não resistiu aos ferimentos e morreu
horas depois.
A Polícia Militar
foi acionada e levou Emerson, de 44 anos, para a Central de Flagrantes de Rio
Preto. O caso foi registrado como lesão corporal de natureza grave, já que a
vítima ainda estava viva quando o boletim de ocorrência foi feito.
Emerson pagou
fiança de R$ 5 mil e foi liberado. Contudo, teve a prisão preventiva
decretada pela Justiça e se entregou na noite do último domingo (13).
A juíza Gláucia
Véspoli dos Santos Ramos de Oliveira entendeu que "tais fatos demonstram o
alto grau de periculosidade e insensibilidade do autuado, o que impõe a prisão
como necessária e adequada à garantia da ordem pública, insuficientes as
medidas cautelares diversas da prisão".
Em seguida, o
advogado Humberto Barrionuevo Fabretti entrou com um habeas corpus no Tribunal
de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP). Ele alegou, entre outras coisas, que
Emerson não teve a intensão de matar, e que não havia necessidade da prisão.
O desembargador
Alcides Malossi Junior analisou o pedido feito pela defesa, revogou a prisão
preventiva e determinou a expedição de alvará de soltura, com a condição de que
Emerson cumpra três medidas cautelares:
Comparecimento
mensal em juízo, para informar e justificar atividades;
Proibição de
manter contato com familiares da vítima e pessoas envolvidas no caso, como
testemunhas, delas devendo permanecer distante;
Proibição de
ausentar-se da Comarca, exceto quando houver expressa autorização judicial do
Juiz responsável pela ação penal.
Emerson deixou a
carceragem da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) na tarde
desta quarta-feira.
Reconstituição
Nesta quarta-feira
(16), a Polícia Civil realizou a reconstituição
da morte do advogado. O delegado João Lafayete Sanches afirmou que o
laudo pericial vai apontar todas as lesões que a vítima sofreu, inclusive o que
a levou à morte.
“O que levou à
morte, eu já conversei com o médico legista, foi o trauma. O trauma que ele
recebeu do soco e da hora que ele bateu a cabeça. Mas foi um conjunto de fatos
e o laudo pericial vai poder transparecer exatamente todas as lesões", diz
o delegado João Lafayete Sanches.
À polícia, o
torcedor corintiano disse que agiu em legítima defesa, pois os dois já tinham
uma inimizade (veja o depoimento do irmão do palmeirense
mais abaixo).
“O que ele
[Emerson] está falando agora é que ele achou que a vítima fez menção em
agredi-lo, por isso que ele agrediu primeiro. Mas isso é a versão dele, por
isso a reconstituição e por isso que existem outras testemunhas para que a
gente saiba qual é a mais forte e a gente chegar na busca da verdade real”,
afirmou.
O delegado
Lafayete também explicou que será investigada a possibilidade de o corintiano
ter agido com dolo eventual, assumindo o risco da ação praticada.
“No momento em que
agride a vítima, com brutal violência, ele deveria saber ou presumir que esse
ato de agredir a vítima pudesse levá-la à morte", disse.
Discussões
Carlos Wanzo
Júnior, irmão do advogado morto, contou que as discussões entre o Celso e
Emerson começaram quando os dois foram
eleitos integrantes da administração do condomínio onde
moravam.
“Meu irmão foi
eleito conselheiro do prédio, e as contas não batiam. Meu irmão pedia
documentos, ele não entregava, meu irmão se desgostou, disse que não assinaria
relatórios e pediu para sair do cargo de conselheiro do condomínio. Ele
[Emerson] ficou bravo, achou que estava insinuando alguma coisa, mas, na
verdade, estava mostrando os fatos da falta de documento. Então começaram a se
desentender”, contou.
Para Carlos, o
fato de o crime ter ocorrido no dia da final do Mundial de Clubes, quando o
Palmeiras perdeu para o Chelsea por 2 a 1, foi coincidência.
“Eles já tinham se
desentendido, [Emerson] falou que ia matar, ele é uma pessoa agressiva. [...]
Ele já perseguia meu irmão, independente de futebol, time. O futebol é um
esporte maravilhoso, mas infelizmente existem torcedores fantasiados, que são
assassinos fantasiados de torcedores”, disse.
Fonte G1