Segunda mulher denuncia ex-presidente da Paraná Turismo por assédio sexual: 'De qualquer jeito você vai ficar comigo'

Uma mulher de 44 anos formalizou a segunda denúncia por assédio sexual contra o ex-presidente da Paraná Turismo, João Jacob Mehl. Em dezembro de 2021, ele pediu exoneração do cargo após uma servidora denunciá-lo pelo mesmo motivo.

A nova denúncia contra Mehl foi ouvida em 11 de janeiro, em Curitiba, por equipe da Casa da Mulher Brasileira. Segundo a defesa da vítima, a mulher trabalhou para a família do suspeito por três anos. Ela pediu para não ser identificada.

No relato à polícia, a mulher contou que foi assediada sexualmente por Mehl diversas vezes. Ao g1, a defesa refutou as acusações e disse que irá provar na Justiça que as alegações são infundadas. 

 

Segundo ela, o ex-presidente fez questionamentos à vítima similares aos relatados por Natália da Silva, de 27 anos, que realizou a primeira denúncia contra o homem em dezembro de 2021.

Na época, Natália contou à polícia que, entre os assédios cometidos, Mehl perguntou se ela era depilada nas partes íntimas.

De acordo com o advogado Thiago Teza, a segunda vítima sofreu abusos durante anos, mas só teve coragem de denunciar quando o caso de Natália se tornou público.

 

“Ele fazia diversas perguntas com cunho sexual e inclusive fez a esta segunda vítima a mesma pergunta que fez para Natália, questionando se ela se depilava. Tudo foi registrado em boletim de ocorrência”, detalhou o advogado.

O que diz a segunda vítima

No depoimento à polícia, a mulher disse que os casos de assédio geralmente aconteciam quando a esposa de Mehl não estava próxima.

 

"Acontecia bem dizer sempre. Sempre que ela não estava, acontecia. Ele vinha e falava as coisas [...] Ele falava que queria fazer sexo, se eu sabia fazer com meu esposo, ele falava bastante coisa que eu fico até sem jeito de falar".

No depoimento, a mulher contou que Mehl disse, por diversas vezes, que gostaria de fazer sexo com ela. Além disso, a vítima relatou, também, que ele questionava se ela e o marido tinham relações sexuais.

 

"Ele veio segurar em mim e eu peguei e segurei na mão dele e falei ‘Seu Jacob, eu sou evangélica, sou casada, o senhor também é casado, então me respeite. Porque se não eu vou ter que ser obrigada a sair daqui' [...] toda vez que ele me chamava, eu ficava com medo".

Para as autoridades, a vítima disse que Mehl não chegou a encostar nela, mas que forçava situações constrangedoras.

 

"Eu tinha medo dele, mas eu tinha que ir, porque eu trabalhava lá. E meu marido tava desempregado. Eu não tinha coragem de falar com meu esposo. Foi quando a minha mãe percebeu que eu tava muito triste e eu sentei e contei tudo para minha mãe e aí depois que eu contei para meu esposo. Só que eu não contei os detalhes, não tinha como eu falar para meu esposo o que ele falava para mim", disse a mulher.

Segundo o advogado Teza, o estopim para a denúncia aconteceu em novembro de 2021.

 

"Ele falou 'de qualquer jeito você vai ficar comigo'. Foi quando do eu conversei com a minha mãe e ela disse para eu sair de lá".

Com a denúncia da nova vítima, o advogado ressaltou a importância de mulheres formalizarem boletins de ocorrência em casos como este.

 

“É muito importante que as mulheres, vítimas de qualquer tipo de assédio ou crime sexual, busquem as autoridades policiais. Porque não é culpa delas [...] é só a partir das denúncias que as autoridades vão criar políticas públicas para inibir este tipo de comportamento".

 

Primeira denúncia

A primeira denúncia contra Mehl foi formalizada em 2 de dezembro de 2021, quando a servidora Natália da Silva, de 27 anos, registrou boletim de ocorrência contra o ex-presidente na Polícia Civil. Ela era subordinada ao então presidente, na Paraná Turismo.

Conforme a denúncia, Mehl perguntou para Natália, no dia 25 de novembro, se ela teria as partes íntimas depiladas.

“Você é depilada lá? Porque eu fico imaginando e sonhando com você à noite. Sou louco pela sua cor. Você não quer fazer amor comigo?”, cita o trecho.

 

O que diz a defesa de Mehl

Em nota, o advogado Renato Barroso, que defende o ex-presidente da Paraná Turismo, refuta as acusações em sua totalidade e ressaltou que irá comprovar que as alegações são "totalmente infundadas".

Disse, também, que na falta da verdade, pode enquadrar o depoimento da mulher como denunciação caluniosa, cuja pena máxima é quatro vezes maior que a pena do crime de assédio.

Fonte G1

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