Pessoas que tiveram casos leves de Covid podem ter reinfecção com sintomas mais fortes, diz estudo

Para quem já teve Covid com sintomas muito leves, ou sem sintoma nenhum, uma reinfecção pode ser bem diferente. É o que revela um estudo da Fiocruz em parceria com o Instituto D’Or e a Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Teste de Covid positivo, em setembro de 2020, e teste de Covid positivo, em fevereiro de 2021. E um detalhe: os dois testes são da advogada Graziela Fernandes de Melo Bonfim.
A primeira vez foi tão branda, que o vídeo foi feito enquanto ela estava infectada e Graziela achou que era hora de diminuir os cuidados:
“Eu realmente relaxei nos protocolos. Já não andava mais com o meu álcool em gel na bolsa. Eu achei que o meu corpo fosse me preparar, que mesmo que eu tivesse a segunda vez ia ser de uma forma muito mais branda”.
A volta não foi suave:
“Foi muito pior do que a primeira, muito pior. Totalmente prostrada, com muita febre, dor no corpo, perda do olfato e do paladar total e não tinha apetite, e a dor de cabeça muito forte, muito forte mesmo”.
Com a produtora de eventos Haylla Priscila Araújo Silva Martins, a segunda vez também foi pior:
“A febre foi muito mais alta, muito mais intensa, dando 39,8°, 40,2° de febre, 55% de comprometimento pulmonar”.
Estudos de vários países mostram que a reinfecção da Covid já é uma realidade. O que os pesquisadores da Fiocruz descobriram num estudo, agora, é que muitas pessoas que tiveram a forma branda da doença da primeira vez, não desenvolveram anticorpos – uma barreira de imunidade contra o coronavírus. Por isso, podem ter Covid de novo e com sintomas bem mais fortes.
A pesquisa foi feita pela Fiocruz, pelo Instituto D’Or, pela UFRJ e por uma empresa chinesa.
Segundo Thiago Moreno, do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde, da Fiocruz, que coordenou o estudo mostra que a reinfecção pode ser pelo mesmo vírus da primeira infecção, não depende das variantes.
“Não é apenas o surgimento de novas variantes que explica essas ondas maiores, mas certamente o fato de indivíduos que tiveram casos muito brandos sustentarem novos processo de replicação viral, ou seja, eles permanecem vulneráveis após o primeiro episódio, aumentando a chance de atingir aquelas pessoas que têm maior probabilidade de avançar para quadros mais graves”.
Para os especialistas a descoberta reforça a necessidade de se manter os cuidados.
“A manutenção daqueles cuidados básicos de distanciamento social, uso de máscara, higiene das mãos, álcool gel e sabão. O vírus não está controlado, a pandemia não está controlada, o vírus continua circulando e as pessoas que já tiveram a doença estão sujeitas a serem reinfectadas”, disse Mário Dal Poz, professor do Instituto de Medicina Social da Uerj.