Médico de UTI Covid de SP relata operação de guerra para atender em plantão

O que o médico André Miranda Baptista, de 34 anos, viu ao chegar ao seu plantão mais recente, em março, em um hospital particular da cidade de São Paulo era uma “cena de guerra”. Foram 12 horas tensas em que as equipes das mais diversas áreas tiveram de se unir para dar conta de reorganizar a estrutura do local e atender ao aumento repentino no número de casos - a maioria deles, graves.
“A situação foi caótica. [O hospital tem] uma estrutura física considerável, de macas, de pontos de oxigênio, de leitos de emergência, e o que vi ao chegar ao plantão foi uma demanda praticamente três vezes maior do que a que estamos acostumados a receber por dia”, conta.
Ele relata que foram 12 horas sem parar, sem sentar, sem comer: “Eram pacientes graves atrás de pacientes graves, tivemos que mudar toda a estrutura, descer maca extra, tirar poltrona e colocar maca no lugar, utilizar todos os pontos de oxigênio, trazer balões de oxigênio extras, porque os pontos não eram suficientes. Tivemos que intubar pacientes, o que não era a realidade dos nossos plantões ali, porque não costumavam chegar pacientes tão graves”.
“Se não fosse a união da equipe toda, médica, enfermagem, fisioterapia, o pessoal da manutenção e da administração, teríamos perdido vidas naquele dia. Mas foram 12 horas correndo de um lado para o outro. Fazendo procedimentos, intubando pacientes, manejando ventilador. Foi nesse dia que eu parei, olhei tudo aquilo e falei: ‘Colapsou’.”