Brasil bate 2 mil mortes em 24 horas: veja quais países têm a mesma marca e o que ela significa

O Brasil ultrapassou nesta quarta-feira (10) a marca de 2 mil mortes por Covid-19 registradas em 24 horas: 2.349 vidas perdidas.
“Alguém tem noção do que significa isso? É uma calamidade. A gente se acostumou a ver as pessoas morrendo? É só número? Não, são pessoas” - Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações
No mundo, de acordo com o painel Our World in Data, da Universidade de Oxford, apenas outros quatro países também registraram o mesmo número absoluto, mas em contextos distintos.
O caso mais emblemático é dos EUA. Assim como no Brasil, a curva da pandemia também apresentou altas consistentes, revelando que os picos de mortes têm relação direta com o impacto do novo coronavírus em países populosos que não conseguiram frear a transmissão da Covid durante longos períodos.
Já no caso dos outros três países (Índia, México e Argentina), que também bateram as 2 mil mortes registradas em 24 horas, o pico mostra o acúmulo de casos notificados em apenas um dia.
Os Estados Unidos são o país que mais vezes ultrapassou 2 mil casos notificados. O comportamento da curva de mortes no país mostra que esse patamar se manteve por longos períodos e foi além: o país chegou até mesmo a ultrapassar 4 mil mortes em 24 horas (4.083 mortes em 8 de janeiro, chegando a 4.465 no dia 12).
Além dos EUA, o painel Our World in Data ainda acrescenta na lista:
Índia - 2.003 mortes em 16 de junho
México - 3.050 em 5 fevereiro de 2021
Argentina - 3.351 1º de outubro de 2020
Entretanto, como mostram o gráfico, esse países viram o número explodir após a divulgação de dados represados que acabaram sendo divulgados em um só dia.
Pico x proporção da população
Os números absolutos de mortes por dia não traduzem o impacto proporcional da pandemia em cada país de acordo com sua população total. E também não dão conta de explicar disparidades regionais, como analisam os especialistas.
Países que não tiveram mais de 2 mil mortes aparecem mais impactados quando a conta leva em consideração o total de mortes em relação ao número de habitantes, ainda de acordo com o painel Our World in Data.
Reino Unido - 26,9 mortes por milhão em 20 de janeiro de 2021, com 1.826 mortes registradas em 24 horas
Alemanha - 20,7 mortes por milhão em 19 de janeiro de 2021, com 1.734 mortes registradas em 24 horas
Itália - 16,42 mortes por milhão em 3 de dezembro de 2020, com 993 mortes registradas em 24 horas
Estados Unidos - 13,49 mortes por milhão em 12 de janeiro 2021, com 4.465 mortes registradas em 24 horas
Brasil - 11,05 mortes por milhão em 10 de março de 2021, com 2349 mortes registradas em 24 horas
Índia - 1,44 morte por milhão em 16 de junho de 2020, com 2.003 mortes registradas em 24 horas
México - 23,66 mortes por milhão em 5 fevereiro de 2021, com 3.050 mortes registradas em 24 horas
Argentina - 74,14 mortes por milhão em 1º de outubro de 2020, com 3.351 mortes registradas em 24 horas
A médica Isabella Ballalai aponta que não há motivo para celebrar o fato de o Brasil ter uma proporção de mortes por milhão inferior a do Reino Unido. E alerta que as projeções para o futuro são muito duras para o Brasil.
"O Reino Unido viveu a sua pior fase com a sua nova variante. O Brasil está só começando com a nova variante, a gente está só vendo o início do que pode ser. Pode parecer que morre menos (pacientes da Covid) no Brasil do que no Reino Unido. Mas qual foi a proporção no Amazonas, e no Rio Grande do Sul?" - Isabella Ballalai, vice-presidente da SBIm
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"E todos esses estados que estão vivendo a bandeira preta, bandeira roxa, dependendo de como classifica. E a gente só vê crescer. A gente tem em curto prazo uma catástrofe nacional", alerta Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações.
Levantamento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que a mutação presente na variante brasileira está na maioria dos casos em seis de oito estados analisados. Segundo dados do Ministério da Saúde contabilizados até 20 de fevereiro, ao menos 4 estados brasileiros já tinham identificado a circulação da variante britânica (a chamada B.1.1.7, que cientistas já afirmam que pode ser, em média, 64% mais letal).