G20: Lula defende governança soberana em minerais críticos e IA .
Postado 23/11/2025 10H37
G20: Lula defende governança soberana em minerais críticos e IA
Presidente também pautou trabalho decente e grandes plataformas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou, neste domingo (23), a importância de discutir a soberania dos países sobre o conhecimento e o valor agregado relacionados aos minerais críticos. A declaração foi feita durante a última sessão temática da Cúpula de Líderes do G20, realizada em Joanesburgo, na África do Sul.
O encontro abordou temas como minerais críticos, inteligência artificial (IA) e trabalho decente — assuntos que também estiveram em pauta na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), encerrada neste fim de semana em Belém (PA).
Segundo Lula, a integração entre esses três eixos do desenvolvimento será determinante não apenas para os desafios atuais, mas também para o futuro das próximas gerações.
Os minerais críticos são essenciais para setores estratégicos como tecnologia, defesa e transição energética. Elementos como lítio, cobalto, níquel e terras raras, utilizados em baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas, painéis solares e semicondutores, estão entre os mais importantes — e sua oferta é considerada vulnerável pela dependência de poucos fornecedores.
Sob a liderança sul-africana, o G20 deve divulgar um documento reforçando a necessidade de que países detentores desses recursos possam beneficiá-los localmente, estabelecendo princípios para sua extração e processamento.
Para Lula, a transição energética representa a chance de ampliar fronteiras tecnológicas e repensar o papel da exploração dos recursos naturais. Ele defendeu que países com grandes reservas não devem atuar apenas como fornecedores brutos, mas como agentes no desenvolvimento de conhecimento e valor agregado.
O presidente também ressaltou que soberania não se mede apenas pela quantidade de reservas minerais, mas pela capacidade de transformá-las em benefícios sociais, por meio de políticas industriais e tecnológicas. Ele defende investimentos responsáveis e sustentáveis, que fortaleçam a base produtiva das nações detentoras desses recursos.
O Brasil possui cerca de 10% das reservas mundiais de minerais críticos, segundo o Instituto Brasileiro da Mineração (Ibram). Estudos indicam, no entanto, que a corrida por esses elementos já provoca conflitos em novas áreas de exploração e intensifica impactos climáticos.
Lula citou ainda a criação do Conselho Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos, destacando que o país busca atuar como parceiro na cadeia global de valor, e não apenas como exportador.
Inteligência artificial e trabalho decente
O presidente afirmou que a inteligência artificial representa uma oportunidade única para impulsionar o desenvolvimento global de forma mais equilibrada. Ele defendeu a criação de uma governança internacional inclusiva, argumentando que a tecnologia deve ser acessível, segura e confiável.
Segundo Lula, quando poucos controlam algoritmos, dados e infraestrutura digital, a inovação se transforma em exclusão. Ele alertou para o risco de um “novo colonialismo”, desta vez digital, e defendeu que a ONU lidere o debate global sobre governança da IA.
Lula também chamou atenção para a desigualdade no acesso digital: enquanto 93% da população de países de alta renda está conectada à Internet, esse número cai para 27% nos países de baixa renda. Ele lembrou ainda que 40% dos trabalhadores do mundo ocupam funções altamente vulneráveis à automação e à substituição por tecnologias de IA.
Para ele, o avanço tecnológico deve caminhar junto com a geração de empregos de qualidade e a proteção aos trabalhadores. “Cada painel solar, cada chip e cada linha de código devem carregar a marca da inclusão social”, afirmou.
Agenda do G20
Criado em 1999 após a crise financeira asiática, o G20 tornou-se em 2008 um espaço de diálogo político entre chefes de Estado e governo. Em 2025, sob o lema “Solidariedade, Igualdade e Sustentabilidade”, o grupo tem como prioridades fortalecer a resiliência a desastres, garantir sustentabilidade da dívida em países pobres, financiar a transição energética justa e tratar os minerais críticos como motores do desenvolvimento.
À margem da cúpula, Lula também participou de reunião com líderes do Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul (Ibas), que promove a cooperação entre países do Sul Global.
Lula chegou a Joanesburgo na sexta-feira (21) e, no sábado (22), discursou em duas sessões temáticas sobre crescimento econômico sustentável e inclusivo, mudanças climáticas e redução de riscos de desastres. Ele também se reuniu com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e com o primeiro-ministro alemão, Friedrich Merz.
Ainda neste domingo, Lula segue para Maputo, capital de Moçambique, onde realizará uma visita de trabalho na segunda-feira (24), como parte das comemorações dos 50 anos das relações diplomáticas entre os dois países. O retorno ao Brasil está previsto ainda para segunda-feira.
Fonte: Agencia Brasil
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