Trump “light” impulsiona valorização do real e beneficia o Brasil

Trump “light” impulsiona valorização do real e beneficia o Brasil

As medidas anunciadas por Donald Trump incluem a possibilidade de tarifas adicionais, com destaque para a ameaça de uma tarifa de 10% contra a China, bem abaixo dos 60% mencionados durante sua campanha.
Essa tarifa ainda está em negociação, assim como a de 25% para Canadá e México, cuja implementação é mais provável, embora não garantida. No caso do Brasil, discute-se a aplicação de tarifas de 5% a 10% ou até mesmo a ausência delas.
O comércio entre Brasil e Estados Unidos é equilibrado, com exportações e importações na casa dos US$ 40 bilhões cada, resultando em uma balança comercial praticamente zerada. Simulações indicam que uma tarifa de 5% poderia reduzir as exportações brasileiras em US$ 2 bilhões, enquanto uma tarifa de 10% poderia representar uma queda de até US$ 5 bilhões. No entanto, considerando o superávit comercial brasileiro projetado em US$ 75 bilhões para este ano, o impacto dessas tarifas nos resultados comerciais gerais seria modesto.
O maior benefício para o Brasil, no entanto, vem pela via cambial. O índice DXY, que mede a força do dólar frente a uma cesta de moedas, apresentou alívio, caindo para menos de 108 pontos, o que valorizou o real para abaixo de R$ 6 por dólar. Esse movimento resultou em melhora nos juros futuros e na bolsa brasileira, que atingiu sua máxima em um mês graças à entrada de capital estrangeiro.
Em setembro e outubro do ano anterior, o DXY estava próximo de 100 pontos, e um retorno para níveis como 105 poderia trazer um alívio ainda maior para o cenário econômico brasileiro. Um dólar mais fraco favoreceria a a apreciação da moeda brasileira, beneficiando o Banco Central e auxiliando no controle da inflação.
Nos Estados Unidos, Trump tem demonstrado preocupação com os juros elevados e a inflação, que dificultam o crescimento econômico. A redução no preço do petróleo, incentivada pelo aumento da produção, é uma das estratégias adotadas para conter a inflação. Caso o Federal Reserve (FED) decida reduzir as taxas de juros, poderá se formar um ambiente mais favorável para os mercados globais e, em especial, para o Brasil.
Assim, o cenário atual é marcado por alívio nas tensões tarifárias e cambiais, com o DXY em queda e os juros futuros mais controlados. No Brasil o Boletim Focus mantém expectativas pessimistas para a inflação, com projeções de 5% para 2025 e 4% para 2026, enquanto a SELIC deve encerrar 2025 em 15% e cair para 12% em 2026. O crescimento econômico projetado é de 2% em 2025 e 1,8% em 2026.
Apesar de juros muito elevados, as expectativas inflacionárias seguem desancoradas, aumentando as preocupações com a dinâmica da dívida pública, que enfrenta um custo de juros próximo a 10% do PIB, mesmo com um déficit primário pequeno.
Por outro lado, o Brasil apresenta uma oportunidade de compra, com ativos financeiros em níveis historicamente baixos. O câmbio nominal e real está próximo das mínimas históricas, os juros nominais e reais de 10 anos permanecem nas máximas históricas, e a bolsa brasileira opera perto das mínimas.
Além disso, o país vive um momento econômico positivo, com a menor taxa de desemprego e o maior acréscimo anual do nível de investimento em uma década, além do maior crescimento econômico e industrial em 10 anos.
Fonte: CNN Brasil
Categoria:

Deixe seu Comentário