Justiça Federal da Bahia pede extradição de 'senhor das armas' e esposa; casal está preso na Argentina
O pedido de extradição foi
assinado por um colegiado de juízes federais da Bahia.
O documento cita que Diego é
chefe de uma organização criminosa voltada ao tráfico internacional de armas e
sócio-gerente da empresa internacional IAS, por meio da qual era operado o
esquema criminoso.
O objetivo é que ele seja
julgado, no Brasil, por tráfico internacional de armas, promoção de organização
criminosa e ocultação de bens provenientes de infração penal.
Em relação a Julieta Aranda, o
objetivo é que ela seja julgada por organização criminosa.
Como
funcionava a venda das armas
As armas eram compradas na
Croácia e de outros países da Europa e enviadas ao Paraguai. Disírio, então, as
revendia para grupos criminosos em Ciudad del Leste, que fica na fronteira com
Foz do Iguaçu (PR). De lá, elas chegavam – com números de identificação
retirados para evitar seu rastreamento – às facções criminosas brasileiras.
Em um dos áudios interceptados do
alto do complexo de favelas do Alemão, no Rio, um dos chefes do tráfico de
drogas e de armas na região- Fhillip da Silva Gregório, o Professor, reclama
dos fuzis.
"Mais uma vez os quatro tá
sem rajada, mano. Trabalhar assim fica difícil, meu amigão. Poxa, antes vinha
um negócio bonitão. Agora cada vez tá vindo uma peça inferior."
A organização criminosa era
composta por seis núcleos:
·
Núcleo Central: coordenava a IAS-PY e controlava
os outros núcleos, comandado por Dirísio e Julieta;
·
Núcleo de Vendedores: funcionários da IAS-PY
responsáveis pela venda de armas para intermediários e compradores brasileiros;
·
Núcleo Dimabel: militares
paraguaios responsáveis pelo controle das vendas de armas no Paraguai;
·
Núcleo de Intermediários: pessoas no
Paraguai que serviam de vínculo com os compradores no Brasil; alteravam o
número de série das armas e forjavam a criação de novas armas com peças
extraídas de marcas diversas;
·
Núcleo de Compradores: brasileiros
integrantes do PCC e do Comando Vermelho que compravam armas diretamente do
Paraguai;
·
Núcleo da Lavagem: responsável
pela ocultação e dissimulação da origem e destinos de recursos destinados a
Dirísio ou a fabricantes de armas na Europa e Turquia.
Quando
começou a investigação?
A investigação da PF teve
início em 2020, após a apreensão de armas em Vitória da Conquista, na Bahia. Ao
todo, foram realizadas 67 apreensões que totalizam 659 armas apreendidas no Rio
Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de
Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Ceará.
As investigações apontaram que o
empresário argentino mora no Paraguai e comprava milhares de pistolas, fuzis,
rifles, metralhadoras e munições de vários fabricantes europeus (Croácia,
Turquia, República Tcheca, Eslovênia).
E por meio de um esquema que
envolvia doleiros e empresas de fachada no Paraguai e em Miami, EUA, a empresa
de Diego Hernan Dirísio revendia os arsenais para as maiores facções
brasileiras, principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo.
Segundo a PF, de
novembro de 2019 a maio de 2022, a empresa IAS, importou 7.720 pistolas de um
fabricante na Croácia.
A investigação também apontou a
compra e venda de 2.056 fuzis produzidos na República Tcheca e mais de cinco
mil rifles, pistolas e revólveres de fabricantes na Turquia. Ao menos 1.200
pistolas também foram importadas de uma fábrica na Eslovênia: um total de
16.669 armas.
A operação foi realizada pela
Polícia Federal da Bahia, em parceria com Ministério Público Federal (MPF) e
cooperação internacional com a Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai
(SENAD/PY) com o Ministério Público do Paraguai.
Fonte G1