Abastecimento de água em Joinville é retomado gradativamente após interrupção por vazamento de ácido
Após a reabertura da Estação de Tratamento de Água (ETA) Cubatão, o fornecimento de água está sendo retomado
gradativamente aos moradores de Joinville, no Norte de Santa Catarina, nesta terça-feira
(30). A estação foi fechada na segunda (29) após o acidente que causou o
vazamento de ácido sulfônico no rio Seco, afluente do Rio Cubatão.
A substância chegou até o rio após um caminhão tombar na
Serra Dona Francisca, na SC-418. Vinte galões com 50 litros de ácido sulfônico
cada vazaram para o Rio Seco. O motorista do caminhão perdeu o controle da
direção em uma reta. Ele, que sofreu ferimentos, foi internado e teve alta
nesta terça.
Volta
gradual da água
A ETA Cubatão é responsável pelo
abastecimento de água de 34 dos 43 bairros de Joinville. A prefeitura explicou
que o que determina a volta da água às casas é a distância delas para o
reservatório.
Segundo o município, todos os
reservatórios já foram reabastecidos. Quem mora mais perto deles já recebeu
água. As residências mais distantes vão recebendo de forma gradativa.
Esses locais mais próximos devem
ter o abastecimento restabelecido ainda nesta terça. Nos lugares mais afastados
ou nas regiões mais altas, a normalização do abastecimento deve ocorrer durante
a quarta (31), conforme a prefeitura.
Dessa forma, o município pede que
os moradores façam o consumo consciente e evitem, neste primeiro momento, lavar
roupas, calçadas ou veículos.
Trechos
seguem com espuma
Trechos do Rio Seco, afluente do
Cubatão, rio que abastece 75% da população de Joinville, município mais
populoso de Santa Catarina, seguem com espuma nesta terça-feira (30), um dia
após o acidente que causou
vazamento de ácido sulfônico no local.
Conforme o Instituto do Meio
Ambiente (IMA), a substância branca vem diminuindo gradativamente. Imagens
mostram que, quanto mais próximo da Serra Dona Francisca, onde o caminhão que
carregava o ácido corrosivo tombou, maior a quantidade de espuma.
Em função da crise no
abastecimento, foi decretada situação de emergência pela prefeitura, condição reconhecida pelo Governo Federal.
A água captada pelo Rio Cubatão
passou por diversos testes durante a madrugada. Três
coletas seguidas pela manhã atestaram que o líquido estava potável.
O prefeito Adriano Silva declarou em entrevista ao Bom Dia
Santa Catarina, da NSC TV, que apesar do químico ter capacidade de intoxicação, houve
a diluição na água e com a velocidade do Rio Cubatão, o produto foi dissipado e já passou pelo trecho onde está a estação de
tratamento.
Conforme o diretor de Controle e
Passivos Ambientais do IMA, Fábio Castagna da Silva, a dissipação completa da
substância "não vai ser instantânea".
"Ainda vai longo período de
monitoramento para a gente entender o impacto desse produto no ecossistema
local", informa.
Danos
ambientais
Segundo o IMA, a análise de um
material coletado em raspagem no solo vai avaliar possíveis riscos ambientais
causados pelo vazamento. Ainda não há informações sobre
a extensão da contaminação.
Sheila Meirelles, presente do
órgão, antecipa que é uma "preocupação bem grande" em relação à
fauna.
"Teve uma mortandade de
peixes, principalmente na área onde houve o acidente, porque a quantidade da
substância foi muito grande no local", informou.
O professor de engenharia
sanitária e ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) explica
que o ácido sulfônico é tóxico à vida aquática.
"Peixes, anfíbios, moluscos,
organismos que vivem na água, vão sofrer porque essa substância altera as propriedades
físico-químicas da água", afirma.
Fiscalização
ao longo do rio
Na manhã desta terça, guarnições
da Polícia Militar Ambiental (PMA) com duas embarcações para a Baía da
Babitonga, para verificarem o impacto do acidente. A baía é onde deságua o Rio
Cubatão antes do contato com o mar.
"Até o momento, não foi
identificado qualquer ponto na Baía com espuma, peixe e animais mortos ou
qualquer vestígio material de que a substância tenha afetado de forma mais
impactante o ambiente", informou a PMA.
Investigação
Segundo a Polícia Civil, que
investiga as circunstâncias da ocorrência, o acidente pode ter sido
causado por uma falha no freio do caminhão. O veículo que
transportava ácido sulfônico na Serra da Dona Francisca e parte da carga caiu
no rio que abastece o município.
O delegado Rafaello Ross explica
que, além da perícia solicitada no caminhão, será feita uma análise no local do
acidente para verificar a velocidade do veículo no momento do acidente.
A Polícia Civil também solicitou
uma perícia ambiental para contabilizar a extensão do dano no meio ambiente.
"Pelo relato inicial da ocorrência, e até pela imagem
que aparece no vídeo, foi uma falha mecânica no caminhão, possivelmente o
sistema de freios. Então, aquilo fez com que o motorista perdesse o controle na
decida e acabasse colidindo", disse o investigador.
Fonte G1