TSE começa a discutir regras para inteligência artificial e fake news nas eleições municipais deste ano
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) abriu nesta terça-feira
(23) um ciclo de audiências públicas para discutir sugestões aos textos das
regras que vão guiar as eleições municipais neste ano.
Ao todo, a Corte Eleitoral
recebeu quase mil propostas de aperfeiçoamento das 10 minutas de resoluções que
tratam do pleito eleitoral deste ano. Os textos são relatados pela
vice-presidente do TSE, ministra Cármen
Lúcia, que vai presidir o tribunal durante as eleições.
Além de regras já conhecidas,
entre outros pontos, as propostas em discussão trazem avanços no combate a
conteúdos falsos e manipulados.
Também preveem que o poder
público oferte transporte coletivo gratuito nos dias de votação, além da
proibição de CACs (Caçadores Atiradores e Colecionadores) circularem com armas
e munições no dia da eleição e nas 24 horas que antecedem e sucedem o pleito.
As minutas serão debatidas até
esta quinta-feira (25). Após a análise das sugestões, a ministra Cármen Lúcia
poderá apresentar nova versão dos textos, que ainda terão de ser aprovados pelo
plenário da Corte.
"Nem se há de questionar o
que é matéria do Congresso Nacional, de inovação legislativa, cabe ao
Parlamento e não é objeto das nossas ocupações. Nós atuamos no sentido
infralegal, abaixo da lei, segundo a lei e cumprindo o que o legislador
estabeleceu para vigorar nessas eleições", disse a ministra na abertura
das audiências públicas nesta terça, que contou com a presença dos ministros
José Múcio (Defesa) e Cida Gonçalves (Mulher).
Os debates no primeiro dia foram
voltados a quatro propostas. Os textos tratam de regras para pesquisas
eleitorais; auditoria e fiscalização; sistemas eleitorais; e atos gerais do
processo eleitoral.
Entre as mudanças previstas nas
minutas, está a inclusão de mais dois sistemas eleitorais nos procedimentos de
fiscalização e auditoria:
·
SAVP-Sorteio, ferramenta do processo de sorteio de seções para diversas
modalidades de auditoria;
·
e SAVP-Votação, sistema de verificação dos votos registrados durante o
teste de integridade das urnas.
O debate mais aguardado por
especialistas eleitorais ocorrerá na quinta (25). Na ocasião, serão discutidas
as regras para propaganda eleitoral e ilícitos eleitorais.
Em um dos textos, que estabelece
normas para a campanha eleitoral, a ministra Cármen Lúcia propõe uma punição para partido ou candidato que utilizar inteligência artificial
(IA) de forma fraudulenta para tentar impactar o resultado das
eleições municipais.
O avanço da IA tem preocupado
autoridades dos Três Poderes, que avaliam que a ferramenta pode ter um impacto
negativo nas campanhas ao redor do país. Câmara, Senado e o Ministério da
Justiça têm debatido propostas para regulamentar a tecnologia.
Na minuta discutida pelo TSE,
Cármen propõe que o uso da IA na campanha deve ser informado explicitamente.
Também deve ser destacado de que o conteúdo foi fabricado ou manipulado e qual
tecnologia foi usada.
O texto proíbe a utilização de
inteligência artificial para fabricar ou manipular conteúdo com "fatos
sabidamente inverídicos ou gravemente descontextualizados com potencial de
causar danos ao equilíbrio do pleito ou à integridade do processo
eleitoral".
Segundo a proposta, o candidato
ou partido que descumprir a regra que será fixada pelo TSE poderá ser
enquadrado no Código Eleitoral, e punido com pena de dois meses a um ano de
detenção, além de multa.
Fonte G1