Começo do verão no Paraná registra o maior número de afogamentos desde a temporada 2017-2018
Começo do verão no Paraná registra o maior número de afogamentos desde a temporada 2017-2018
Desde o dia 22 de dezembro, quando teve início a estação mais quente, 512 ocorrências de afogamento foram registradas pelo Corpo de Bombeiros, com pelo menos 10 óbitos
O verão 2023-2024 tem chamado a atenção no Paraná por conta do grande número de afogamentos registrados. Neste sábado (6 de janeiro), por exemplo, o Corpo de Bombeiros localizou no Balneário Gaivotas, em Matinhos, no litoral do Paraná, um corpo que seria de um adolescente de 14 anos que havia se afogado no Balneário Costa Azul, no mesmo município, na última quinta-feira (4).
O adolescente, natural de Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais, seria a 10ª vítima de afogamento no estado desde o início da estação mais quente do ano. É o que mostram dados do Sistema de Estatística de Ocorrências do Corpo de Bombeiros do Paraná (SYSBM), os quais apontam que o verão desta temporada é o que registra mais afogamentos desde a estação entre os anos de 2017 e 2018.
Conforme o levantamento, desde o dia 22 de dezembro até hoje (6 de janeiro) os bombeiros já registraram 512 incidentes com pessoas em meio líquido, os famosos afogamentos. Em 16 dias de verão, portanto, houve uma média de 32 ocorrências diárias.
Para se ter uma dimensão do que o número representa, no mesmo período do verão passado (2022-2023) os bombeiros haviam atendido 415 ocorrências (26 registros por dia), o que significa que o número de afogamentos cresceu 23,4% na atual temporada (2023-2024).
Inclusive, o número de ocorrências no começo da atual estação supera o registro de anos anteriores em períodos fora de pandemia, como 2019-2020 (332 registros) e 2018-2019 (371). Apenas em 2017-2018 o verão começou com mais afogamentos no Paraná: 529 registros entre os dias 22 de dezembro e 6 de janeiro.
Curioso notar, entretanto, que o número de óbitos, por ora, permanece inferior ao de anos anteriores. Foram 10 falecimentos em incidentes com pessoas em meio líquido entre o final do ano passado e o começo deste ano, número inferior apenas ao registrado nos períodos mais críticos da pandemia (2021-2022 e 2020-2021), quando as regras de isolamento social ainda estavam em vigor.
Meses de dezembro, janeiro e fevereiro concentram mais de 80% dos casos no Paraná
Anteriormente, o Bem Paraná já havia publicado uma reportagem mostrando como os casos de afogamento no Paraná se concentram justamente na estação mais quente do ano. Em 2021 e 2022, por exemplo, um total de 1.867 ocorrências de afogamento foram registradas no estado. E os meses com mais casos anotados foram no período foram, na ordem, janeiro (605 registros, ou 32,4% do total), dezembro (589, ou 31,6%) e fevereiro (361, ou 19,3%).
Ou seja, os meses de dezembro, janeiro e fevereiro concentraram 83,3% do total de ocorrências de afogamento no Paraná nos últimos dois anos.
Maioria dos afogamentos podem ser prevenidos. Confira as dicas de segurança
O Corpo de Bombeiros destaca que o conhecimento das instruções sobre segurança em rios, cachoeiras, praias e piscinas é fundamental para garantir um verão tranquilo e prevenir incidentes. De acordo com o PHTLS (Pre-hospital Trauma Life Support), um dos principais manuais internacionais sobre serviços de atendimento pré-hospitalar, estima-se que 85% de todos os casos de afogamento podem ser prevenidos por supervisão, instruções de natação, controle tecnológico e educação pública.
Nas praias, é preciso se atentar para banhos apenas em áreas protegidas por guarda-vidas, que podem ser identificadas pelas bandeiras de cor vermelha sobre amarelo. Também é importante respeitar a sinalização, as bandeiras e orientações dos guarda-vidas, evitando entrar no mar próximo a pedras, estacas e píeres.
Os banhistas devem procurar entrar no mar sempre acompanhados, manter supervisão constante sobre crianças e não utilizar dispositivos infláveis (boias, colchões). Além disso, o uso de bebidas alcoólicas é desaconselhado, bem como a tentativa de resgate de pessoas que estão se afogando.
O Corpo de Bombeiros ainda alerta que os banhistas das praias devem se certificar da profundidade da água antes de realizar mergulhos e devem evitar adentrar em valas, pois aparentam calmaria, mas possuem maior correnteza.
O cuidado também se estende aos pescadores, que são desaconselhados a se posicionar em cima de pedras que podem ser alcançadas por ondas.
No caso de outras fontes de água, os cuidados se mantêm. Em piscinas, é preciso instalar grades de proteção ao redor para que as crianças não caiam na água e quando a piscina estiver sendo usada o filtro deve permanecer desligado para evitar a sucção de cabelos.
Em rios, não é desaconselhável saltar de cabeça, especialmente em locais em que não se conhece a profundidade e a presença de pedras. Assim como na praia, dispositivos flutuantes (bóias de braço e de cintura, colchões infláveis, câmaras de ar, pranchas) não devem ser utilizados, pois estão sujeitos a ação de correntezas que podem levar o banhista para áreas mais profundas.
Fonte: Bem Parana